À Beira Rio,
desceu degraus que os havia até à areia fria. Sem sapatos, pés descalços com o
cansaço do dia. Almofada nos seus passos, cada grão tal algodão macio
acolchoava e na sua pegada, ficava cada curva do seu formato. Uma e outra com
tanto por estar, até que uma e outra deixaram de se formar. Dissipando-se na
extensão da praia, extinguindo-se na sua imagem. Tal como sua presença que ali
deixara de estar e entregando-se de corpo e alma à serenidade das águas calmas,
se deixou levar pela rota até alto mar.
Nesta viagem
as incertezas muitas das vezes concederam-Lhe a dúvida de prosseguir em frente,
algumas vezes tais em não ir contra a corrente e assim a seu favor ir em seu
sentido até à berma. No leito do rio, nem tudo era coerente com os desígnios
que tinha em mente, o certo é que tinha o seu trajeto e mesmo a distância não
sendo perto, o distante era a sua única certeza e a dúvida de vencer só a
aceitaria caso se permanece-se na certa na concorrência.
Às vezes que a
fraqueza ameaçou sucumbi-Lo, esgueirou por entre a sua vontade, réstias de
energia para não deixar de cumpri-Lo. Alturas em que pensou desistir, o amor
pela vida oxigenou-Lhe o direito de a cumprir. Nos momentos em que foi abaixo
submergindo da sua realidade, deixando à tona só os seus sonhos: Sua Mãe, Suas
Irmãs, Seu Irmão, Sua Família, Seus Amigos de longa data e Sua Paixão. Do sítio
donde estavam lançaram-Lhe uma amarra e devolveram-No à margem.
De onde em conforto, com todo o amor que em sentimento se
partilha, inspirou e expirou; inspirou e expirou, até que de novo recuperado o
fôlego retomou à sua rota os seus sonhos e com eles a vida que cria em cada
braçada, independentemente das contrariedades da viagem.
Chegado à foz, a enormidade do Mar-alto surgiu dimensionado,
agora não só a corrente a criar dificuldades como também a ondulação com seus
altos e baixos, deixam para trás quase mesmo que no passado, os degraus que desceu
até ali chegar e os esfriados grãos de areia, que acolchoaram suas pegadas até
iniciar a sua jornada. Braço ante braço, braçada ante braçada, toda a incógnita
com que se depare, com certeza que é o que vale, o esforço de nunca desistir de
um sonho… o zelo de mantê-Lo sempre com a força de ser o seu e vivê-Lo. Retê-lo,
quais adversidades que se imponham por sê-lo. O seu sonho mesmo em Mar-Alto é
de todo o sonho de tê-lo com todo o amor de todos quantos se acompanhem a compreende-lo.
Esse mar que te afunda com as memórias e te sufoca com as adversidades "Adamastoras" é feito da mesma água energética que te dá alento para remares aos teus sonhos. Uma mistura salgada de memórias doces e amargas, numa reinvenção tua sobre a tua verdade na leitosa láctea espuma da justiça dos sonhos em turbilhão. Parabéns "Gio". Belissímo, caro!
ResponderEliminar