Uma Palavra Amiga
Palavreado
era um espinho no tronco de uma Rosa de seu nome Palavra. A Palavra rebuscava
nos transeuntes a sua ansiedade de ser tocada, e de expelir todo o seu perfume
a seu olfato, num contexto puro de em amizade transmitir algo de benéfico à sua
tranquilidade. Palavreado por sua vez afugentava-los, pois a seu entender, só
a si, lhe cabia o privilégio de tal delicadeza, tal beleza de seu nome, a só a si
lhe pertencer. Endurecendo seus espinhos, aquando os dedos sensíveis dos
transeuntes se aproximavam das lindas rubras pétalas de Palavra, que lhes
comunicava com tamanha amizade, a sua suavidade embelezada com seu cheiro, sim,
ali ficavam estancados como que a contemplar uma palavra amiga da mais pura
amizade. E como o Palavreado era agressivo e de mau feitio, pouco tempo ali
ficavam e a Palavra, com tamanha amizade a transmitir sentia-se tão triste e
desolada, que aos poucos foi rejeitando os sais minerais que vinham da raiz,
sua hospitaleira fornecedora de alimentos, e rejeitando o dióxido de carbono
que a fotossíntese lhe oferecia para respirar. E assim, suas pétalas foram
murchando, caindo uma a uma no solo, servindo de fertilizante às suas vizinhas
rosas, que apesar de terem também um espinho, não tinham um chamado Palavreado,
que lhes afugentasse os transeuntes. Oferecendo assim sua própria beleza às
outras tantas belezas, que neste jardim que é o planeta, existem tantas ainda
que não se deslumbraram em palavras Amigas.
Uma pequena palavra, um pequeno gesto, um pequeno sorriso. Pequenos porque por vezes só assim são possíveis, mas ainda assim, tão grandes se tornam na alma de quem os recebe.
ResponderEliminarFaçamos pois uma ode às pequenas coisas. Porque são de facto preciosas.
Abraço, Jorge.