A hora da refeição era sagrada, todos os irmãos sentados à mesa. Do meu lado esquerdo o meu Irmão (o mais velho de todos), à minha direita a minha Irmã mais nova (das irmãs), e à minha frente a minha Irmã mais velha. Minha Mãe com o seu lugar do meu lado (lugar cativo ainda hoje, em qualquer refeição), mas sem o tempo para se sentar, porque todos tinham as suas exigências e pedidos requintados, que demoravam a sua degustação da refeição descansada e em paz, na conformidade da mesa, onde estavam os seus filhos que tanto batalhava para que nada lhes faltasse.
Numa bela noite, já exausta da labuta, e de tanto labirinto financeiro, que na ginástica do vencimento mensal. Alimentar quatro bocas, mais a renda de casa, mais o essencial… Mais tudo e ainda algo mais, que uma MULHER sente na ausência de um exemplar esposo, marido, companheiro, pai de seus filhos, que faz de sua vida a pacata vida de um solteiro sem obrigações… Após todas as exigências e requintes de seus “clientes”, eis que surge a sua explosão, e num exagero de tom de voz, em que se salienta o seu desespero de “O que é que querem que eu faça?”… A minha inocência para os seus problemas só me deu para a confortar com o que eu tanto mais adorava comer… Gema de ovo.
P.S- Relato verídico de um acontecimento. Relato de um agradecimento a minha Mãe, que além de nunca me ter faltado com nada, sempre me deu (com conta peso e medida CLARO) gema de ovo que me sabe pela vida, assim como a sua ainda viva VIDA… Troco a gema de ovo por Si, a gema guardo-lhe o sabor, e dissipasse no paladar. O seu Amor, nem nenhum outro se assemelha a Si.