segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bacchus mendigo A ti te lacrimo

(A decadência começa na pobreza de espírito,
o que quer dizer que se não o enriquecermos,
caimos no abismo...
Por favor,
não desças ao meu mundo,
ele não é tão lúcido quanto o aparenta ser.)

E com estas palavras iniciou o seu discurso,
poucas e pausadas
pelos seus soluços,
aguadas pelas lágrimas que se lhe espelhavam nos olhos
a distância do perto com que as citava.
Fazendo de surdo o silêncio que mencionava
a todo um redor solitário de gente que passava
e não se apercebendo não davam por nada.
Tal era a indiferença por ser um velho num farrapo
agaixado a falar para uma lata...
Onde o trilintar do cêntimo deixado pela misericórdia do transeute
lhe dava uma cantoria de alvorada,
uma alegoria à desgarrada,
uma felicidade tamanha nem à instantes calculada,
tal sinfonia numa orquesta patenteada,
luzindo num pão e na tigela de sopa quente à  rua da palma...

(A pobreza começa quando a decadência chega à miséria,
e o espírito se rende à evidência,
de não calcular a fortuna tão importante riqueza,
que é a do saber...
Perdendo o saber perdeu a consciência...
O Senhor envelhecido pela fraqueza,
da lucidez já não o ser... Não o ser... Não o ser...
Pela certeza de um copo de vinho ao balcão
e não à mesa durante a refeição.
Ter sido o seu unico e lucido conhecimento)

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