domingo, 30 de janeiro de 2011

Uma Cronica

                                                       Scherzinger
                 No início da primeira noite, da terceira semana de Dezembro. Scherzinger foi à beira mar por lá estar de passagem naquela emblemática costa. Mas mesmo só estando de passagem, não deixou de ir cumprimentar suas águas salgadas. Em que nesse verão se tinha banhado e deliciado, sobre um sol acolhedor. Criando à sua pele lisa e magra, uma capa rica de um bronzeado tão singular.
                 A brisa gelada congelava-lhe as cartilagens de suas orelhas, e seu narizinho (já pálido e sem o bronze desse Verão) vermelhinho, indicando a baixa temperatura no seu termómetro corporal. Suavizando com o regalo, da sensação que sentia, e o anestesiava a tal.
                Assim o sentindo, não deixou por nada de se descalçar, e arregaçar as calças até meia canela. E se encaminhar até à beira de água, que tantos horizontes lhe proporcionaram um infinito, agora estrelado.
                As águas sossegadas planavam num sossego horizontal, repousadas já a essa hora para a bonança de uma noite tranquila, assim tanto quanto se esperava.
                Ao se aproximar, banhando seus pés na beira de água, curvasse molhando e chapinhando as mãos no lençol sossegado em que estava deitado o mar. Seu rosto evocava saudade, e com as mãos em concha, levou à sua face da frescura daquele sal, tão saboreado por seus lábios naquele Verão em que por si se apaixonara.
              Qual não foi o seu espanto, quando do sossego em que planava o oceano, sobre o céu estrelado. O mar ondulou em maré, ofegante, ondinha ante ondinha, apressado a vire ao seu encontro, abraçando seus pés. Se num instante tudo era bonança, e nada se ouvia, num de repente, todo agitado, o mar fez de suas ondas seus braços e veio o saudar… Tal era também a sua saudade. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

P.S: Para a minha Mãe,palavras do outro lado do Oceano

A
 saudade exilou no seu berço, sua pequenez de sentimento que recaía no seu íntimo a mágoa do silêncio de estar calada. Magistrada do conselho da ausência, suas portarias eram em soluços ditadas sobre leis aprovadas por fios de lágrimas. Mas mesmo assim não deixou de todo, um dia encerrar o episódio de estar completamente exausta de cansaço, e evocar todos os sentimentos para uma audiência de ultima hora, e no seu aforro por ordem de chegada, cada um era em presença de todos, apresentado por si, saudade exausta de cansaço.
“Pretendo criar um novo ministério, meus caros cúmplices de sensação.” Disse a saudade exausta de cansaço, e que tremia por todos os lados de uma fraqueza incalculável e inestimável. Denotavas se já bem porém no seu rosto, os rasgos já cicatrizados por rugas reconduzidas na sua face, com momentos e lembranças recordados e tão profundamente tocados no seu íntimo, espelhados em cada termo do poro por onde escoado o sal se entranhou na pele, e anestesiou assim a dor por um momento só.
“Pretendo criar um novo ministério, meus caros cúmplices de sensação.” A saudade que nunca discursara para toda a plateia, fazia agora uma palestra, até para os genes. Séria, curvada sobre o assunto, sua palidez estática mergulhava na rigidez e exactidão do tom com que se insinuava na certeza de tudo o que dizia. Tudo era o mesmo que nada, e a saudade que estava cansada de exaustão, sem gargarejar, sem gaguejar, sem pausar… Mesmo exausta de cansaço… Continuava, no seu discurso, mesmo com os maus-olhados de quem numa errada interpretação de sua intenção, a escoltava num silêncio ensurdecedor de mágica astúcia e pura audácia. A saudade, era magistrada, e suas leis eram citadas por lágrimas, e suas portarias por soluços, num sentimento tão humano e carinhoso, que nenhuma outra igualdade se assemelhava.  Por isso mesmo, se curvara na sua insignificante inexistência, e num tom largo, com toda a admiração da assistência, chamara para o seu lado a ausência… A ausência que já era conhecida por todos até mesmo pela tristeza, como sendo a sempre nunca presente. Murmúrios ensurdeceram a sala de audiências, com todos a opinarem e a interporem sobre tamanha consciência da saudade que reunira todos os sentimentos para decididamente criar um outro ministério… E era logo o da ausência?...
- "A ausência? Sua Eminência!!!"
Dissera a dor que lhe lastimava os olhos por tais palavras dissolventes.
- "Me perdoe tal ousadia, mas ela nunca está presente."
Acrescentara a mágoa, que irmã gémea da dor, só lhe repetia as ideias
de uma outra forma crente.
-"Eu nem a conheço pessoalmente!"
Retorquiu a recordação.
-"Mais acrescento, quem é esta senhora? "
Interrogou em bom tom a emoção.
Toda a sala num murmúrio acabou por ficar em silêncio, quando ao fim de um tempo se prostraram a olhar em frente, e viram a saudade num abraço colectivo a todos os presentes, chorar… A saudade a chorar, mas coisa inédita aos olhos que vêem. E a saudade, de volta ao seu púlpito, com a ausência do seu lado, olhou para todos e disse novamente. Eu, saudade, vou criar um novo ministério, e neste ministério a ausência vai ocupar o meu lugar, pois vou partir em breve, e é ela que ficará encarregue de todos vós meus sentimentos. A ausência nunca estivera perto, pois eu, a saudade, nunca vos deixei por não ter havido necessidade, mas como que o tempo que passa, e as horas mesmo sendo sempre as mesmas, se diferenciam pelo tempo que já passou, e por nada mais o podemos alterar, eu também me vou ter de entregar à mesma rotina, não deixarei de ser a saudade, mas no entanto já não ocuparei o cargo de ser saudade presente. Compreendeis? Todos no vosso colectivo, irão sentir alterações, mas é assim mesmo, e por isso mesmo elegi a ausência para ministrar o meu ministério. E espero que todos compreendam e respeitem suas leis e decretos da mesma forma como me têm respeitado a mim. Sem mais nenhuma palavra proclamada, assinado o protocolo na pasta arquivada, ambas, a saudade e a ausência num abraço fortemente enraizado num sub solo até ao núcleo, se foi dissipando pelas linhas de agua a saudade, assim evaporando até ao mar, que em partículas criou no céu uma nuvem de tal ordem precipitada, que em todo o solo terrestre caiu numa debandada uma saraivada que no local da reunião todos os sentimentos ficaram submersos pelas suas lágrimas. E assim a saudade, se separou um dia de todas as emoções, dando à ausência a faculdade de explicar aos sentimentos o que por si em decretos de lei e portarias registadas por lágrimas e soluços o foi para um distante onde nenhum a pudesse observar… Só sentir.
P.S: Para a minha Mãe, palavras do outro lado do Oceano.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

artemrima: Bacchus mendigo A ti te lacrimo

artemrima: Bacchus mendigo A ti te lacrimo

Raciocínio Matemático

Já é noite e eu durmo acordado,
sabendo que quanto mais eu absorver
mais eu distingo deste meu estado.
A vida é um problema,
que quando equacionado,
não vai dar a nenhum lado,
só ao nosso teorema
que o que fazemos em vida,
reduz-se a um resultado…
P.S- Desculpa, mas tenho de compartilhar contigo este raciocínio matemático.